Um terreno localizado ao lado do Presídio Regional de Pelotas (PRP) gera discussão entre 88 famílias e Poder Público.

A área que até cerca de três semanas atrás permanecia desocupada, desde então está com espaços demarcados para possíveis construções de casas e chalés. Entretanto, a propriedade em questão, situada no loteamento Santos Dumont, é particular.

Por estarem lutando por um pedaço de terra no lugar, as famílias chamam a área de Vila dos Sonhos. De acordo com o grupo, o espaço estava carregado de lixo e entulhos diversos, além de gramado alto, até iniciarem as ocupações. Claudia Porciúncula, líder comunitária local, explica que as famílias que querem morar na área não pretendem descumprir com o pagamento de impostos, como o IPTU - ela exemplifica. Organizados, para que ninguém de fora daquela comunidade tenha acesso ao ponto, eles se dividem dia e noite para guardar a área.

“Ninguém tem como pagar aluguel, a gente é pobre. Todas as famílias são dessa região, não tem nenhum estranho tentando morar aqui, e o bairro não tem mais pra onde crescer. A gente só quer negociar, fazer tudo direito.”

Com uma renda mensal apenas do trabalho do marido (que não supera R$ 2 mil), Daiane Dias, 32, calcula um gasto de até R$ 1,5 mil somente em despesas básicas, entre o casal e os quatro filhos. “Só de aluguel eu pago R$ 450,00 por mês, isso não existe… Não temos como arcar”, lamenta a dona de casa. Seu caso é um dos tantos entre aquela população. Por enquanto, há poucas pessoas residindo em definitivo no terreno, pois temem ser expulsos e ter a estrutura erguida destruída - como aconteceu com as famílias da Cohab Tablada, próximo do local.

Parte do grupo foi à Câmara de Vereadores nesta terça-feira tentar dialogar sobre a situação. O Diário Popular tentou contato com o secretário adjunto de Habitação e Regularização Fundiária, no entanto, não obteve retorno.